Em 2021, mais de 47 milhões de americanos pediram demissão de maneira voluntária, de acordo com o U.S. Bureau of Labor Statistics. Um movimento de demissão voluntária e em massa da força de trabalho, estimulada pelo Covid-19, está sendo amplamente chamada de "Grande Demissão" ou "A Grande Renúncia".
A Grande Demissão pressupõe que a escassez de trabalhadores está aparente em todos os lugares: postos de gasolina, clínicas médicas e consultórios de dentistas reduziram seu horário de funcionamento, porque não conseguem encontrar novos funcionários para substituir aqueles que se demitiram. A Grande Demissão alterou os modelos de relação entre os trabalhadores e o mercado de trabalho.
Os americanos deixaram os empregos em um ritmo recorde durante o segundo semestre de 2021. Cerca de 23% dos funcionários buscarão novos empregos, enquanto 9% já garantiram uma nova posição, de acordo com uma pesquisa de dezembro de 2021 do ResumeBuilder.com realizada com 1.250 trabalhadores americanos. Segundo uma outra pesquisa realizada por Anthony Klotz, um professor, uma mudança gradual e natural já estava acontecendo no mercado de trabalho: o número de pedidos de demissão aumentavam a cada ano.

Os trabalhadores estão se demitindo em grande número, mas não estão se realocando na mesma proporção. Eles estão reconsiderando seu equilíbrio entre vida profissional e pessoal e também seus papéis de autocuidado. Além disso, estão fazendo trocas pontuais: migrando das empresas e corporações para as mais diversas plataformas de contratação de freelancers. Ou seja, a força de trabalho está demonstrando relutância em retornar aos empregos de maneira presencial.
O movimento citado acima ficou conhecido globalmente como The Great Resignation, e muitos portais de notícias americanos também afirmam que esse movimento não começou com a pandemia, porque bem antes dela, a busca pelo famoso home office já era alta. No entanto, foi com a pandemia que os profissionais perceberam que os gastos (financeiros e, principalmente, de tempo) com transporte e preparação ou compra de alimentos de rua não estava mais fazendo sentido, já que todo o modelo de trabalho poderia funcionar remotamente sem que a performance de entrega fosse afetada.
As motivações mais comuns incluem:
- Falta de liberdade de escolha do regime de trabalho e falta de flexibilidade de horários
- Mau gerenciamento ou organização de um plano de carreira sólido
- Insatisfação com a empresa
TRABALHOS DE MODELO REMOTO E FREELANCE SERÃO A NORMA, NÃO A EXCEÇÃO
Os líderes empresariais de todos os setores e indústrias se beneficiarão ao entender que esses fatores estão contribuindo para o volume e para a qualidade de negócios em suas organizações. À medida que isso acontece, as empresas que têm visão e recursos para oferecer flexibilidade aos seus funcionários são as mais propensas a manter uma força de trabalho estável. E as empresas mais capazes de atrair e reter talentos serão aquelas que oferecerem benefícios que atendam às necessidades em constante mudança dos trabalhadores. A Grande Demissão não foi nenhuma anomalia: as forças subjacentes estão aqui para ficar. E com o déficit de alguns profissionais no mercado como, por exemplo, os desenvolvedores, os salários e os benefícios saltaram e atingiram um novo patamar para que a segurança da relação profissional pudesse ser garantida.

QUEM SÃO OS LÍDERES DO MOVIMENTO?
A grande líder disso tudo, apesar do coronavírus acarretar a culpa, foi a tecnologia e, claro, os mais variados produtos digitais. Os modelos digitais de consumo cresceram e como consequência do produto, o time responsável por todas essas inovações também migrou para o mundo profissional digital. A pandemia acelerou a tendência à automação, pois as empresas adotaram garçons, atendentes e outras tecnologias digitais em meio a regras de distanciamento social. E em 2020, o Fórum Econômico Mundial pesquisou cerca de 300 empresas globais e descobriu que 43% das empresas esperam reduzir suas forças de trabalho com novas tecnologias (e isso inclui plataformas de freelance)

O time de um produto digital, por exemplo, pode ser composto por designers, programadores, produtores de conteúdo, engenheiros de softwares e muitos outros profissionais, mas os desenvolvedores estão conseguindo liderar o movimento pela alta procura do mercado. Deste modo, eles conseguem atender e resolver as demandas de diversas empresas sem precisar obter vínculo com apenas uma. Assim, todos saem felizes: a empresa, por não necessitar de um grande contrato para a resolução de um problema pontual, e o profissional, pela capacidade de executar seu trabalho com liberdade, variação e escalabilidade. A escalabilidade é um ponto importante quando falamos sobre o trabalho de freelancers, já que a escalabilidade diz sobre a capacidade de crescer atendendo às demandas sem perder as qualidades que lhe agregam valor. O que é justamente o que esses profissionais estão habituados a executar: solução de problemas guiadas por uma especificidade e com alta performance.
QUEM AGIU DIANTE DO CENÁRIO?
Reconhecendo o contexto, algumas empresas estão tomando medidas. Uma análise da Brookings Institution revelou que os empregadores das empresas com as maiores taxas de desistência responderam aumentando os salários acentuadamente em um esforço para reconstruir suas equipes. Em 2021, o McDonalds aumentou os salários por hora dos funcionários atuais em uma média de 10% e também aumentou os salários dos iniciantes (deixando entre US$ 11 e US$ 17 por hora, dependendo da região). A empresa também melhorou seus pacotes de benefícios (incluindo creche emergencial, folga remunerada e reembolso de mensalidades). Como resultado, expandiu com sucesso seu quadro de funcionários em 2021, encerrando o ano de 2021 com equipes maiores do que no início do ano. Ao mesmo tempo, o Walmart anunciou um programa chamado Live Better U de US$ 1 bilhão, que corresponde a um programa que, durante os próximos cinco anos, pagará 100% do custo das mensalidades da faculdade e livros para os associados da empresa. Esse investimento, espera a empresa, não só atrairá trabalhadores, mas melhorará a retenção.
O CENÁRIO NACIONAL
As empresas nacionais certamente terão certa dificuldade para reter profissionais de tecnologia, já que no mercado de trabalho remoto e com a possibilidade de se tornarem freelancers, os trabalhadores poderão ter acesso às mais variadas experiências e empresas internacionais. Além da escalabilidade e liberdade de trabalho, os salários nacionais podem não corresponder às ofertas do mercado global, fazendo com que no Brasil, esse déficit da mão de obra dos desenvolvedores seja mais impactante ainda. A sorte é que um outro movimento já está em pauta: o Manifesto Tech. Um movimento que visa profissionalizar jovens para área. Muitos desses projetos ainda miram jovens de baixa renda e a população que vive em zonas periféricas. O movimento, juntamente ao déficit desses profissionais, também abre margem para que jovens iniciem suas carreira com uma boa colocação no mercado de trabalho.
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Daniela Zschaber
Redatora, poliglota, letrista, graduanda em Ciência de Dados e apaixonada por tecnologia. Nas horas vagas sou profissional de Carinho em Gato e aprendiz da língua russa!